Ao contrário do que dizem os
setores reacionários, como a grande mídia, a greve surge de uma necessidade dos
trabalhadores e estudantes. Necessidade de condições de trabalho e estudo para
que, desta forma, possamos produzir conhecimento efetivamente referendado com
as demandas da classe trabalhadora.
De certo, a propaganda do Governo
da - parcial - entrada dos trabalhadores no ensino superior não significa a
efetivação do objetivo acima lançado, pois os estudantes se deparam com
condições alarmantes de estudo, com a rara assistência estudantil, acarretando a
evasão de vários estudantes.
Na UFS, por exemplo, apenas o
Campus de São Cristóvão tem restaurante universitário. E mesmo o único está
numa condição débil de estrutura. Agora, está em reforma, o que é necessário,
mas como a universidade supriu a alimentação dos estudantes cotistas,
bolsistas-trabalho, residentes deste então? Certamente não foi da melhor forma
possível: garantiu 80 reais no auxílio-alimentação, sendo que este já tem 20 dias
de atraso, ou seja, além de ser um valor ínfimo, adiciona-se a isso um vácuo
significativo de dias sem recebê-lo. “80 reais não dá para nada. Só a passagem
de ônibus é 2,25”, enfatiza o professor Romero Venâncio.
Este foi um dos temas da Assembleia dos Bolsistas-Trabalho, realizada
na tarde de hoje (14), no hall do Restaurante Universitário (Resun). A
assembleia contou com a presença de cerca de 40 bolsistas, na qual recebeu a
presença do técnico Lucas Gama. Este trouxe aos estudantes o debate de que o
atraso (mais um) de 20 dias no recebimento da bolsa não é consequência da greve
dos servidores, mas irresponsabilidade da reitoria na tentativa de dividir
estudantes e trabalhadores.
O espaço permitiu uma discussão
ampla sobre o caráter da bolsa-trabalho, em leitura marxista: a proletarização
do estudante. A bolsa-trabalho diz respeito a exploração da força de trabalho
do estudante, no intuito de não abrir concurso para técnicos, como também de
evitar investimento no que tange a assistência estudantil. Ou, o direito de
permanecer.
Por fim, foi tirado o calendário
para as eleições do Conselho de Bolsistas. A chapa pode ser composta por dois
coordenadores gerais, dois na secretaria, uma coordenação de comunicação, uma
de assuntos sociais, uma de tesouraria e duas de assuntos estudantis. “Apesar
da chapa ser composta por dez nomes, não significa que mais estudantes não
possam participar da construção diária do conselho”, colocou Cláudia Kathiuscia,
ex-bolsista, estudante do curso de Ciências Sociais e militante do Comando de
Mobilização Estudantil (COME-UFS).
Agenda das eleições do Conselho de Bolsistas
Inscrição de chapa: 21 e 22 de Agosto
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Campanha: 21 a 28 de Agosto
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Eleições: 29 (interiores) e 30 (São Cristóvão)
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Assistência Estudantil em debate: estudantes, técnicos e professores respondem à expansão que expulsa trabalhador da universidade